O Índice de Escravidão Global 2023 feito pela Walk Free, uma organização internacional de direitos humanos especialista em produção de dados sobre esse crime, foi divulgado nesta quarta-feira (24). A pesquisa mostra que o Brasil tem 1,05 milhão de pessoas em situação de escravidão contemporânea e ocupa o 11° lugar entre 160 países no ranking mundial.

Essa estimativa coloca o Brasil atrás da Índia (11 milhões), China (5,8 milhões), Coréia do Norte (2,6 milhões), Paquistão (2,3 milhões), Rússia (1,9 milhão), Indonésia (1,8 milhão), Nigéria (1,6 milhão), Turquia (1,3 milhão), Bangladesh (1,1 milhão) e Estados Unidos (1,1 milhão).

Contudo o ranking principal da ONG é o que mostra a escravidão em relação ao tamanho da população dos países. Nesse caso, os dez primeiros são: Coréia do Norte (104,6 escravizados por mil habitantes), Eritreia (90,3), Mauritânia (32), Arábia Saudita (21,3), Turquia (15,6), Tajiquistão (14), Emirados Árabes Unidos (13,4), Rússia (13), Afeganistão (13) e Kuwait (13).

Já no caso do Brasil, a Walk Free estima que se tenha 5 escravizados para cada mil habitantes. Isso o coloca no grupo com média-baixa prevalência.

Segundo a ONG, as estimativas são calculadas com base nos fatores de risco individuais e nacionais para a escravidão.

Importação e produção

O Índice de Escravidão Global 2023 apontou que os países integrantes do G20, considerados os mais ricos do mundo, importam juntos cerca de 468 bilhões de dólares em mercadorias que podem ter sido feitas com trabalho escravo.

O Brasil possui 5,6 bilhões de dólares em produtos sob esse risco. Os bens em questão são eletrônicos, roupas, têxteis, óleo de palma e painéis solares vindos de países como China, Indonésia e Bangladesh.

Ele também aparece na amostragem de países que podem ter mercadorias produzidas com trabalho escravo. No nosso caso inclui o café, cana-de-açúcar, madeira, carne bovina e roupas.

À IstoÉ,  o Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que tem como prioridade o combate ao Trabalho Escravo Contemporâneo. “Somente em 2023 já foram mais de 1.200 trabalhadores e trabalhadoras resgatados de condições análogos a escravo, destaca-se que os dados são da Inspeção do Trabalho, a partir da lavratura dos autos de infração por trabalho escravo”, acrescentou.